sábado, 6 de abril de 2013

Terceiro e último dia de remada - 21/02/2013

Enfim, chegou o terceiro e último dia de remada! Seria o último dia para mim e Maria Helena, mas Leonardo e Trieste continuariam remando para completar a volta na ilha de Florianópolis.
Como combinamos, acordamos cedinho, nem havia clareado bem o dia, tomamos um rápido café, juntamos as tralhas, escrevemos um bilhete num pedaço de papel higiênico para o caseiro, que ainda não havia acordado, e fomos para a água.
Preparativos para a partida na maravilhosa praia particular onde acampamos.

Quando estávamos quase partindo, o caseiro apareceu. Agradecemos, nos despedimos e agora sim, fomos para a água! A ideia era remar até Ponta das Canas, onde Maria Helena e eu finalizaríamos a remada. O carro de Trieste e Maria Helena já estava estacionado lá, e Maria Helena teria que ligar para a seguradora do carro para que rebocassem ele até a oficina, de onde nem devia ter saído, pois ele falhou tanto quando levamos até o estacionamento, que Maria Helena tomou a decisão de nem tentar guiá-lo e chamar o guincho direto. 
Havia muita expectativa para esse dia por causa desta questão do carro, porque os "guris" começariam a remar em mar aberto e porque, segundo a previsão do tempo, uma frente fria estava chegando em Florianópolis naquela quinta-feira e devia trazer ventos, que por sua vez trariam ondas. Por esse motivo começamos a remar cedinho mas para nossa surpresa, já pegamos um pouco de vento logo na saída, antes de chegar na Ponta da Daniela.
Ói eu ali!
Foto do Leonardo
Estávamos em uma baía, locais normalmente protegidos, mas já pegamos um ventinho ali. Nada de mais, mas tinha! Na foto abaixo, dá para ver o que nos esperava quando saíssemos da baía, vendo aquela árvore sendo entortada pelo vento. Ali é a Ponta da Daniela e era para lá que estávamos indo...

As ilhas de Ratones Pequeno e Ratones Grande, cuja visita ficou para uma outra oportunidade.
Dali podíamos ver a Fortaleza da ilha de Ratones Grande. Todos lamentaram muito não ir até lá mas se tivéssemos ido, dificilmente teríamos acampado naquela prainha maravilhosa. E assim, ficamos na "obrigação" de voltar numa outra oportunidade para remar até lá.
Sobre a Fortaleza:
"A Fortaleza de Santo Antônio de Ratones começou a ser construída em 1740, segundo projeto original do Brigadeiro José da Silva Paes, funcionando como um dos vértices do sistema triangular de defesa da Barra Norte da Ilha de Santa Catarina. No Século XVIII contava com duas baterias de canhões, armadas com 14 peças de artilharia. Entre meados do Século XIX, até o início do Século XX, já em ruínas, algumas construções dessa Fortaleza foram utilizadas para a instalação de um Lazareto, que abrigou doentes contaminados por moléstias contagiosas. Posteriormente, funcionou ainda como depósito de carvão da Marinha do Brasil. Durante a década de 1980, em completo estado de abandono e de ruínas, foi palco de uma grande campanha pública pela sua preservação. Pertencente ao Ministério da Marinha e tombada como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional desde 1938, a Fortaleza foi restaurada entre os anos de 1990 e 1991, quando passou a ser gerenciada pela Universidade Federal de Santa Catarina.
Pode-se chegar a esta Fortaleza através do serviços de escunas que fazem passeios marítimos na região, partindo de diferentes pontos da cidade: próximo à Ponte Hercílio Luz, Trapiche da Beira Mar Norte e da Praia de Canasvieiras. Ainda é possível chegar ao local pela praia de Sambaqui, localizada a 15 Km do centro de Florianópolis. No local, denominado Ponta do Sambaqui, há barqueiros que fazem a travessia de aproximadamente 3 Km.
Para visitar a Fortaleza é cobrada uma pequena taxa de manutenção de R$ 4,00. Estudantes, mediante comprovação, pagam metade do valor, e idosos com mais de 65 anos e crianças com menos de cinco anos estão isentas da taxa. Para quem deseja visitar as Fortalezas de Ratones e Anhatomirim no mesmo passeio, é possível adquirir o passe duplo a R$ 5,00 e R$ 2,50 (estudante). Essa taxa de visitação é empregada na conservação e manutenção da Fortaleza."
Não sabia sobre essa taxa de visitação...
 Fotografei Leonardo fotografando a paisagem e...
 ...fotografando eu remando e...
...eu fotografando.
Aliás, foram minhas últimas fotos do dia, pois daqui em diante, a coisa ficou preta!
Mais especificamente depois destas marolinhas foi que a coisa ficou feia! Remamos durante mais ou menos 1 hora, com vento contra.  Na verdade, até aí não teve problema, apenas foi um pouco cansativo, mas quando paramos na praia de Daniela para reforçar o café da manhã, todos concordavam que passando a ponta de pedras, entrando em Jurerê, pegaríamos mais vento e que seria assim até o final do dia, pois estávamos saindo de um local protegido e indo em direção ao mar aberto. 
Maria Helena e eu pensamos em parar por ali para não atrasar os "guris" mas devido a falta de apoio em terra para deixar o caiaque duplo em algum lugar seguro e ir buscar o carro, fomos convencidas por nossos digníssimos a continuar remando. E assim o fizemos.  Após ligar para a mãe do Leonardo e cantar "Parabéns a você" para ela, voltamos para a água.
Momentos de decisões na Praia da Daniela.
Preparativos para o trecho Daniela - Jurerê. Não teve jeito, tive que continuar remando!
Foto do Leonardo
Para lá, onde estão aqueles vários carneirinhos, é que tínhamos que remar.
Foto do Leonardo, a última dele no dia.

Eu já saí meio tensa e a tensão foi se transformando em pavor a cada remada que eu dava e a cada onda que pegava o meu caiaque de lado. 
Passei a remar contra as ondas e fui me afastando da costa, ao contrário de Maria Helena e Trieste, que remaram bem perto das pedras. Leonardo se manteve sempre perto de mim, algumas vezes até perto demais para o meu gosto. Percebi que eu estava me afastando demais da praia e tentava corrigir, mas cada vez que a onda batia de lado e desequilibrava o meu caiaque, eu voltava a remar contra as ondas e contra as orientações do Leonardo.
Lá pelas tantas, comecei a gritar que queria parar, que ia aportar na primeira oportunidade e que era o fim da remada para mim. Leonardo só concordava "Tá! Tá! Vai pra praia então!", e eu respondia aos gritos "NÃO CONSIGO!!!".  Eu olhava para a praia e via gente em tudo que era canto e eu tinha certeza que viraria o caiaque na hora da portagem, pois haviam muitas ondas então, eu dizia para Leonardo que queria aportar onde não tivesse gente... missão impossível! Se eu quisesse parar, eu tinha que ir para a praia e enfrentar as ondas e as pessoas. 
Depois de muitos gritos ( um deles, digno de um filme de Hitchcock ) e muitas ondas, virei o caiaque na direção da praia e fui! Consegui visualizar o caiaque de Maria Helena e Trieste já na areia da praia de Jurerê, mas mais adiante de onde eu estava. Eu não queria mais pegar onda de lado para chegar até eles e continuei remando reto na direção da praia, torcendo para que eu conseguisse "surfar" as ondas direitinho. Tive muita sorte, pois bem perto da praia onde as ondas quebram pra valer e onde mora o perigo, consegui remar entre uma onda e outra. Vi que vinha uma onda e diminuí o ritmo da remada, passei por cima da onda antes que ela quebrasse, remei rápido tentando fugir da próxima onda e conseguiii!!!! Aí, já estava bem na beirinha da praia, mas bem na beirinha mesmo e veio uma marola e meu caiaque virou! Foi ridículo! Mas eu tremia dos pés ao último fio de cabelo e quando estava me levantando, senti uma dor na região abdominal lateral e vi que Trieste vinha correndo e já pegava meu caiaque. Eu só juntei a minha sapatilha e mais alguma coisa que caiu do caiaque na capotagem e sentei na areia, tremendo feito vara verde, e comecei a chorar! E chorei compulsivamente, não de dor e sim, de pavor! Escrevendo agora até tenho vontade de rir, mas acho que nunca passei tanto medo na vida, ou melhor, não sei qual foi mais apavorante, se este trecho da remada ou a parte final da remada Porto Belo - Tijucas, em janeiro de 2012
Enfim, terra firme! 

O susto foi passando, eu fui me acalmando mas uma coisa estava certa: era o fim da remada! Maria Helena também não queria mais continuar, todos acharam melhor parar por ali. Eu achei que Leonardo e Trieste continuariam  remando mas resolveram ficar para nos ajudar na logística de buscar os carros. E essa logística foi bem complicada! Complicado mesmo foi decidir o que e como fazer e depois, o Leonardo sofreu pegando 4 ônibus para chegar até o nosso carro que estava na outra ponta da ilha. Trieste pegou um táxi e foi buscar o carro deles em Ponta das Canas, preparado para parar no meio do caminho e chamar o guinho, se necessário, mas para a surpresa de todos, a Doblô chegou direitinho até Jurerê, onde Trieste e Maria Helena colocaram o duplão em cima e chamaram o guincho. Dali, foram com o guincho até a oficina na Lagoa da Conceição. Maria Helena ficou comigo esperando o Leonardo e cuidando dos caiaques e tralhas. O sol estava muito forte! Alugamos um guarda-sol, passei protetor solar mas o estrago já estava feito: tomei um torraço como há muitos anos não tomava! Fique igual um pimentão!
Enquanto esperava Leonardo passear de ônibus pela cidade de Florianópolis, vi que a minha máquina fotográfica havia  se afogado e morreu! Ainda tentei tirar a bateria, colocar no sol como recomendam fazer mas acho que aí, devo tê-la matado de ensolação. Quando vi que estava molhada, ainda tirei estas duas últimas fotos, mas foram os últimos suspiros dela!
Só para dar uma ideia, Leonardo mandou uma mensagem ainda em Jurerê, assim que chegou na parada do ônibus, às 12h25. Às 15h33 ele mandou a mensagem avisando que havia chegado no carro. Foi quase mais uma hora até atravessar a cidade de novo e voltar para Jurerê.
Quando estávamos quase saindo, com os caiaques já em cima do carro, chegou Giovanni, um amigo do Leonardo que estava em Jurerê e estava velejando com a filha pela manhã. Ele comentou que depois de Jurerê, em Canasvieiras, não havia vento e que podíamos ter remado até lá. Como podíamos saber, né?  Ele e a simpatia da filha nos convidaram para ir até a casa deles, mas o cansaço era tanto, que agradecemos e deixamos a visita para um outro dia.
Esta foto foi tirada com o visor totalmente preto. Foi o último suspiro da máquina fotográfica, que pode ter morrido afogada, de ensolação ou de pavor, por ter andado de caiaque comigo!
Copiei um mapa da internet e marquei em vermelho, mais ou menos, o trajeto remado nestes três dias. Mais ou menos porque não tenho certeza onde está a praia onde começamos, Costeira do Ribeirão. O seu nome não aparece em nenhum mapa, deve ser porque não é das praias mais conhecidas e badaladas de Floripa. Mas foi por ali, entre Caieira e Ribeirão da Ilha. 
Meus dados estão incertos, é mais ou menos essa quilometragem, mais ou menos tanto tempo e mais ou menos neste lugar. Quem tem os dados certinhos e exatos é o Leonardo, que sempre anda com o GPS e que está com as postagens do seu blog mais atrasadas do que eu com as minhas, por isso, a quem interessar possa, visite e acompanhe o blog do Leonardo aqui , que mais cedo ou mais tarde, ele postará as fotos e os dados da remada e muito provavelmente, deve postar a cena do meu grito "hitchcokiano"também.

2 comentários:

  1. haha, boa idéia do bilhetinho :)
    Adorei as suas fotos, lugar paradisíaco!
    bjs e ótimo Domingo pra vc

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  2. Nossa , eu lia e suspirava ..temia que o caiaque fosse virar e...virou , morro de medo de água e de mar, nem nadar eu sei, ler sua postagem foi como ler um livro de suspense...kkkk ainda bem que tudo deu certo né...coitado pegou 4 onibos?
    o bilhetinho no papael higienico foi demaisssss.
    vais morar onde?//
    boa semana! bjsssssssssss

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